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VÍDEO: pacientes com sequelas da Covid-19 iniciam reabilitação em ambulatório do Husm

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Foto: Renan Mattos (Diário)

A caminhada de uma ponta a outra do corredor da Unidade de Reabilitação do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) seria impraticável em julho e agosto do ano passado para Schaiene Langner Alves, 33 anos. Recuperada da infecção por Covid-19 que quase a matou em 2020, ela agora lida com as sequelas causadas pela doença. Schaiene foi a primeira paciente a ser atendida no Ambulatório Covid do Husm, que começou a funcionar na terça-feira da semana passada com o objetivo de tratar os problemas deixados pelo coronavírus no corpo de pacientes que evoluíram para casos graves. O ambulatório funciona no mesmo espaço físico do Centro Integrado de Atenção às Vítimas de Acidente (Ciava), criado para atender feridos na tragédia da boate Kiss.


Na última quinta-feira pela manhã, Schaiene passou pela segunda avaliação no ambulatório. Um dos testes foi uma caminhada, observada atentamente por quatro profissionais. Ela foi infectada pelo coronavírus em julho do ano passado. A supervisora administrativa procurou atendimento nos primeiros sintomas - dor no corpo, cansaço e perda de olfato e paladar. Até a internação, foi quase uma semana entre idas e vindas em serviços de saúde. Com o quadro agravado, ela foi levada de ambulância até a UPA 24h.

- Aí, levou 30 dias para voltar a ver o meu marido - conta. 

Um dia depois, foi para o Husm já sem forças para caminhar, mas ainda sem o teste positivo. Isolada, veio a confirmação da infecção por Covid no mesmo dia em que teve que ser entubada na UTI. Foram 19 dias em coma induzido. Nesse meio tempo, ela chegou a ser entubada, acordou lúcida, mas teve uma reação na garganta que a impediu de respirar. Schaiene foi então reintubada às pressas, e uma traqueostomia foi realizada - a marca na garganta é visível até hoje. Após acordar, ela ficou ainda uma semana na UTI, sem conseguir caminhar.

- A perda muscular foi gigantesca. Eu não conseguia segurar uma caneta para escrever o telefone do meu marido. Fiz por sinal, com os dedos. Quando saí do coma, eu não tinha firmeza de segurar coisa alguma - relata Schaiene.

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Recuperada da Covid-19, Schaiene, que não tinha comorbidades, ficou com pressão alta, uma hérnia de disco - que causou dores na perna por meses até ser controlada -, cansaço e dificuldade para respirar. Para tratar das sequelas, ela foi chamada pelo Husm e, então, atendida no ambulatório. 

- Estou tendo suporte total aqui. O pessoal que me tratou, vou levar para o resto da minha vida. Fiquei 29 dias lá dentro e, em momento algum, me senti sozinha. Eu ganhava cafuné, massagem, carinho, ganhava brincadeiras. Colocávamos música e dançávamos, mesmo que eu estivesse com traqueostomia, sem falar - conta.

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Foto: Renan Mattos (Diário)
Schaiene começou as avaliações na última quarta-feira

O AMBULATÓRIO

Na entrada do ambulatório, uma placa indica que ali funcionava o Ciava. Esse é sinal de que o Ambulatório Covid apenas está no início. Os pacientes são encaminhados do ambulatório de pneumologia, e passam por avaliação multiprofissional antes de passarem ao tratamento. Atuam ali profissionais de pneumologia, infectologia, psiquiatria, fisioterapia, fonoaudiologia, enfermagem, psicologia, assistência social e nutrição. 

- Trabalhamos com reabilitação há alguns anos, a fisioterapia principalmente. Então, resolvemos instituir esse ambulatório, visto que os pacientes estão saindo com demandas diferenciadas de até então. Precisávamos de um ambulatório multiprofissional. Esse pacientes estavam apresentando várias repercussões sistêmicas - explica a docente e fisioterapeuta Adriane Pasqualoto, coordenadora da iniciativa.

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De acordo com Pasqualoto, a demanda é grande, com pacientes internados com Covid ao longo de todo o 2020. Por enquanto, serão atendidas apenas pessoas que foram internadas no Hospital Universitário (Husm). Com o passar do tempo, a ideia é ampliar gradativamente para demais unidades do município e região. Conforme Adriane, a experiência obtida com o tratamento de pacientes da Kiss auxiliou na estruturação do novo ambulatório. 

- A gente viveu aquele momento da Kiss, que foi um momento super emergencial e que precisava de atendimento multiprofissional. Esse conhecimento que a gente teve anteriormente nos ajudou a organizar rapidamente esse ambulatório - explica.

* colaborou Felipe Backes

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